O Café do dia 01 de março de 2023 reuniu Gerd Angelkorte (Pesquisador do Laboratório Cenergia, do COPPE/UFRJ), Laura Asano (Especialista em transição energética, da Raízen) e Thiago Falda (Presidente executivo da ABBI), e foi mediado por Leonardo Teixeira – Coordenador de Inteligência Competitiva do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, do SENAI CETIQT.
Estudo recente da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) em parceria com o SENAI CETIQT, Embrapa Agroenergia, LNBR/CNPEM e o Laboratório Cenergia COPPE/UFRJ apontou que a bioeconomia pode gerar ao Brasil faturamento industrial adicional de US$ 284 bilhões/ano, quando comparado às políticas correntes de mitigação de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, as tecnologias da bioeconomia analisadas se mostram capazes de restringir emissões para que o país cumpra suas metas de descarbonização (acesse aqui). A continuação desse estudo é hoje conduzida pelo SENAI CETIQT, ABBI, Raízen e outros parceiros no âmbito do Agenda.Tech da Plataforma Inovação para a Indústria do SESI/SENAI.
Gerd esclareceu que o estudo da ABBI tomou como base resultados oriundos do modelo BLUES desenvolvido pelo Cenergia, um modelo de análise integrada que contêm mais de 30.000 tecnologias referentes ao setor agropecuário, energético, hídrico, entre outros. O Cenergia é um dos laboratórios de referência para a estimação de impactos no clima, com modelos reconhecidos inclusive pelo IPCC. Gerd destacou ainda que, embora não incluída no primeiro estudo da ABBI, a biodiversidade brasileira traz enorme potencial para fomentar a bioeconomia e a descarbonização.
Ao falar das experiências da Raízen, Laura destacou como a empresa já é renovável, mas que tem investigado de forma extensa as outras oportunidades que essa biomassa traz. Nesse sentido, a especialista destacou que não basta comparar soluções apenas em termos de conteúdo energético, mas que o impacto na descarbonização é fundamental. Laura apontou também que é necessário avaliar tecnologias e realidades de desenvolvimento para o sul global, que podem não ser as mesmas desenvolvidas para o norte global.
Já Thiago destacou os esforços conduzidos no Brasil que fomentaram o uso de matérias-primas renováveis e biotecnologia, como o pró-álcool, na década de 1970, e os esforços da FAPESP, nos anos 1990, para pôr o Brasil na vanguarda da biologia molecular (por exemplo, com o sequenciamento da Xyllela fastidiosa, bactéria causadora de doença em cítricos), respectivamente. No entanto, destacou também que há necessidade de mecanismos de compartilhamento de riscos para a inovação na bioeconomia e, de forma geral, a estruturação de políticas que fomentem a indústria baseada em bioinovações.
O Café com Bioeconomia é um evento quinzenal, on-line e interativo, no qual palestrantes e público discutem temas relevantes para a bioeconomia. Quer receber nossa agenda e participar? Inscreva-se em: https://portaldebioeconomia.com/
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