A edição do dia 20 de março de 2024) do Café com Bioeconomia reuniu Mônica Costa Padilha (Professora Adjunta do Departamento de Química Analítica do Instituto de Química da UFRJ), Rafaela Marin (Consultora da Única Suporte) e Rafael Breves (Gerente de projetos do IDOR). O encontro, que acontece a cada três semanas, foi mediado por Eamim Squizani (Coordenadora da Plataforma de Biotecnologia do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras).
Eamim iniciou a discussão questionando os convidados sobre o cenário brasileiro para utilização de produtos baseados em Cannabis. Em seguida foram ressaltados os potenciais bioativos, suas vias de obtenção e as possíveis aplicações em segmentos como o de alimentos e o de saúde humana e animal. O posicionamento do Brasil nesta frente, os incentivos governamentais e as regulamentações envolvidas no plantio, produção e disponibilização destes produtos no mercado nacional também foram discutidas.
Rafaela colocou que o mercado de derivados de Cannabis se encontra em constante expansão, principalmente na área medicinal devido ao aumento de evidências clínicas e acréscimo de regulamentações. Para ela, o mercado deu um salto a partir da divulgação da RDC nº 327/2019 pela ANVISA, que estipula requisitos para fabricação, importação e comercialização de produtos de Cannabis. No que diz respeito aos incentivos governamentais, ela destacou que há discussões públicas sobre a inclusão dos bioativos no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de doenças específicas.
Rafael pontuou que o mercado brasileiro de Cannabis permite a importação para uso individual, a aquisição de produtos em farmácia, sejam eles importados ou nacionais, e o fornecimento via associações que possuem permissão judicial para cultivo. Quanto à aplicação, ele destacou que a utilização do THC (tetrahidrocanabinol) é comprovada clinicamente para o tratamento da epilepsia e da esclerose lateral amiotrófica. Contudo, para ele é fundamental que as empresas comprovem as evidências por meio de estudos clínicos, definam uma posologia e estipulem condições de distribuição para aprimorar o avanço da aplicação na área da saúde.
Mônica mencionou que as três rotas de obtenção dos derivados de Cannabis (biotecnológica, extrativista e sintética) são relevantes e complementares. Ela enfatizou a importância da integração da via extrativista com a biotecnológica. Quanto à via sintética, ela citou que os gargalos da produção estão relacionados com o processo de purificação do produto devido à elevada geração de rejeitos e alto custo. Ela destacou que os bioativos baseados em Cannabis têm se mostrado muito eficazes no tratamento de parkinson e de epilepsia.
O Café com Bioeconomia é um evento on-line e interativo, no qual palestrantes e público discutem temas relevantes para a área. Quer receber nossa agenda e participar? Inscreva-se em: https://portaldebioeconomia.com/